domingo, 27 de dezembro de 2009

História e Arte: A Dezembrada

História e Arte: A Dezembrada

A Dezembrada


A série de batalhas ocorridas no mês de dezembro de 1868 durante a Guerra do Paraguai, mais comumente conhecida como "dezembrada", foi crucial para a derrocada de Solano Lopez e a ocupação de Assunção, capital do Paraguai. Mesmo assim, a a dor da guerra continuaria até o fim definitivo em 1 de março de 1870 no combate de Cerro Corá com a morte do "El Supremo" (1).

Caxias sabia que era necessário um golpe fatal para por fim o mais rápido possível de uma guerra inglória, lenta e cruel que já se arrastava por 4 anos. O mês de dezembro foi posto a prova o poderio militar das forças imperiais sobre o combalido exército paraguaio. Batalhas como: Lomas Valentinas, Itororó, Angostura, Avaí, acabaram com o que porderia ser o último suspiro paraguaio e pôs em fuga o ditador Solano Lopez para as cordilheiras. A batalha do arroio Avaí foi a mais aguerrida delas.

Tarefa não fácil mediante o ímpeto guerreiro paraguaio diante das forças imperiais, sendo a rendição para o esfarrapado soldado paraguaio a última opção. Com a guerra a população do Paraguai foi reduzida a cerca de 200 mil habitantes com maioria de mulheres e crianças. Um mês importante e trágico para finalizar a guerra.

A manobra teve êxito, mas não terminou de imediato com as ambições do ditador Solano Lopez. Caxias se retiraria logo depois cansado e criticado, mas com o dever cumprido em tomar a capital paraguaia e de não participar da matança final. Coube a tarefa final ao genro do imperador D.Pedro II, conde D'Eu.


(1) Título que o ditador Francisco Solano Lopez era conhecido no Paraguai.
Imagem acima: Batalha do Avaí pintada por Pedro Américo e exposta no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Os santos do catolicismo


Como entender a prática do culto aos santos da Igreja Católica e o que são esses cultos?

Primeiramente temos que analisar os cultos dos deuses greco-romanos. A religião antiga, como muito bem definida pelo historiador do século XIX Fustel de Coulanges, era vista como parte da vida social, econômica e política das cidades antigas. Cada cidade-estado tinha sua religião, seu fogo sagrado, seus cultos, seus deuses; não havia uma concepção de pátria ou nação, mas sim a terra dos pais (terra patria). As urbes seguiam seu deus como: Apollo, Atlas, Netuno, Hércules, dentro outros. Cada família tinha seu fogo sagrado que carregavam através da família paterna desde gerações. Cultos tratados seriamente durante gerações e que ditavam as regras e leis da família paterna (sempre representado pelo pai). As cidades quando em guerra, levavam seus deuses com os soldados como se fossem uma coisa única para combater outros inimigos e o deus inimigo.

Como retirar esta prática de muitos anos já enraizada nos povos antigos? De que forma a Igreja Cristã, aceita pelo imperador de Roma Constantino no século IV, fosse bem vista aos novos e futuros cristãos? Naturalmente não foi tarefa fácil e tão pouco rápida para os moldes da época. Mudar conceitos e tradições de povos seculares para uma doutrina nova e progressista, precisou de argumentos fortes e dissimilados, assim como todas as religiões usam para busca de novos adeptos.

O culto aos santos da Igreja Católica com o culto aos deuses antigos não é mera semelhança, mas prática milenar enraizada que perduram desde os povos antigos. A adoração de imagens, deuses ou a um único deus, remonta desde dos antigos Sumérios e Babilônios, na meso-américa (Incas, Astecas e Maias), África e na Ásia. A prática da adoração de deuses ou deus-único foi evoluindo conforme a mudança na formação política e alianças entre poder e igreja. No caso da Igreja Cristã, a união do rei franco Pepino, o Breve, ungido pelo Papa e posteriormente a mesma prática feita por Carlos Magno, filho de Pepino, tornando-se imperador de Roma e representante maior da Igreja Cristã do Ocidente, foi a maior prova dessas alianças superiores.

Santos e divindades que adoramos ou odiamos, são produtos naturais que o homem busca para praticar seus preceitos com o novo mundo. Aceitar novas doutrinas não requer necessariamente afundar toda a tradição que antes praticava no abismo, mas sim conciliar o antigo com o novo, maior prova disso foi a união de orixás africanos dos escravos no Brasil com os santos da Igreja Católica.

Há algo de pagão em todas as religiões!
Imagem: Visão da cruz por Constantino diante de seus soldados para conquista de uma batalha.

domingo, 29 de novembro de 2009

A obra - Casa Grande e Senzala

Um grande marco no estudo da brasilinidade e da formação da sociedade brasileira. Casa Grande e Senzala escrito pelo sociólogo pernambucano Gilberto Freyre e bem aproveitado pelo governo de Getúlio Vargas, mesmo que criticado por muitos, ainda é uma obra a ser estudada e recomendada nos meios acadêmicos, principalmente da sociologia, história e antropologia. Com uma escrita simples e bem detalhista de sua tese da formação do povo brasileiro, abriu lacunas a serem completadas ou revisadas pelos estudiosos da área de humanas. A junção das três raças (branco, negro e índio) é o objeto principal de Gilberto Freyre para explicar e valorizar a camada social brasileira. A figura do senhor branco preguiçoso na rede da Casa Grande comandando seus cativos e os trabalhos da lavoura, a força do trabalho escravo e sua adaptação a uma nova terra tão longe de sua África-mãe e a inflência da família indígena rodeada de seus filhos e parentes num mesmo ambiente, contribuiu para formação do Brasil que hoje vivenciamos. Uma obra cativante e significativa para o entendimento do que somos. Vale conferir!

sábado, 28 de novembro de 2009

A promissora China


O legado chinês para a História é notório e alcança todos os ramos do saber humano: culinária, ciência, filosofia, medicina, matemática, religiosa, militar e outros. Desde as dinastias antigas chinesas até a trajetória e aventura de Marco Polo pela Ásia, a China manteve praticamente indiferente para o ocidente, apenas notícias de alguns mercadores que praticavam o comércio pelo oriente próximo para a Europa.

O papel, a pólvora, o ábaco, o macarrão são exemplos de modificações trazidas para o ocidente. As navegações empreendidas pelos portugueses posteriormente aos genoveses, alcançaram uma riqueza mais profunda do que o comércio avançado chinês já fazia pelo oceano índico naquela época. As muitas feitorias instaladas pelos portugueses pelo litoral chinês fez fervilhar de produtos nunca visto na Europa.

A perda desse rico mercado que os portugueses adquiriram aos ingleses, fez da grande China uma potente e rica colônia para a Grã-bretanha no século XIX e XX. O atraso que foi imposto a antes promissora cultura chinesa, tornando-se um manacial de pobreza, analfabetismo generalizado, mortalidade infantil altíssima, uma China insalubre e doente, além de importante comércio e exportador de ópio.

Após a Revolução Chinesa de 1949 e a transformação de colônia exportadora para socialismo maoísta, voltado para a política de crescimento agrário e industrial de base, elevando sensivelmente a economia chinesa para melhores níveis. O mais importante e interessante nesta trajetória da politica chinesa foi a abertura de sua economia para o capital externo, trasitante para um capitalismo forte e agressivo dentro de uma nação comunista. Esta transição que de início foi lentamente se praticando na China, transformou numa potente economia capitalista que avança em passos largos para outros mercados no mundo todo, inclusive América Latina e África.

O descaso e vista grossa que os EUA fizeram após a queda do socialismo na Europa, deixando de lado a América Latina e África se voltando mais para a Europa e Oriente, abriu uma brecha importante para a afirmação do mercado chinês e concretizando novos contratos comerciais nestes novos pré-satélites para a China. Agora é ver para crer na transformação de uma nova potência mundial. Esperamos que essas transformações sejam encaminhadas em paz e com justiça para todos. E certamente esperamos que sejam para o bem.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

domingo, 8 de novembro de 2009

A Teresópolis inglesa


A notória vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil e com a transferência do aparato político e econômico para o Rio de Janeiro foi um marco na História do Brasil. Os tratados firmados entre Portugal e a Inglaterra, apesar de desiguais e vantajosos para os britânicos, impulsionaram a economia e o urbanismo na corte do Rio de Janeiro. Muitos súditos britânicos aportaram no Brasil e principalmente na capital fluminense. George March foi um deles. Comerciante bem sucedido e influente ca corte do Rio de Janeiro, tinha uma das mais belas casas na enseada de Botafogo (*).

George March adquiri por sesmarias terras na região da serra dos órgãos chamada Santo Antônio do Paquequer, hoje município de Teresópolis no estado do Rio de Janeiro, vastas terras em que irá construir uma grande casa e diversos empreendimentos como: plantações de hortigranjeiros e frutas, criação de cavalos e cabras, aluguel de casas, hotelaria. Apesar da política de patrulamento e proibição do tráfego negreiro pela Grã-bretanha, este súdito inglês, assim como muitos no Brasil, possuia escravos em sua fazenda-modelo.

George March impulsionou e incentivou a subida à serra dos órgãos e o incremento econômico e povoamento da futura cidade de Teresópolis. Certamente o colonizador da cidade. Outros ingleses subiram à serra fugindo do calor escaldante da corte do Rio de Janeiro. Através de cobrança de alugueres de suas casas construídas ao redor da fazenda-modelo, George March incentiva e torna-se um pioneiro do veraneio. Outros ingleses irão fixar e comprar terras na região(**), influenciados por George March.

Com seu clima ameno a agradável nos verões, floresta exuberante e linda vista da serra dos órgãos, Teresópolis pode se intitular como a cidade colonizada e incrementada por ingleses. Mas o mais importante foi surgimento de uma região abastecedora hortigranjeiros e frutas para a corte no passado até os nossos dias. Prática iniciada pelo súdito inglês George March.


(*) Gilberto Freyre "Ingleses no Brasil"

(**) Gilberto Ferrez "Colonização de Teresópolis"
Imagem acima da casa de George March de 1838 por William Gore Ouseley.


domingo, 25 de outubro de 2009

Rússia - outubro de 1917


A tomada do poder em outubro de 1917 pelos bolcheviques na Rússia, acabando com a Duma (*) e o governo de Kerenski, adiciona um grande Momento Histórico para a humanidade no começo do século XX. Basta voltar ao século XVIII com a Revolução Industrial e principalmente na segunda metade do século XIX com a segunda Revolução Industrial mais significativa para a produção capitalista, observaremos a criação e aumento da massa assalariada e proletária na Grã-Bretanha, França e Alemanha e posteriormente EUA, Rússia e Japão. A corrida imperialista das grandes potências para escoar seus produtos industrializados e a procura de matéria-prima para alimentar suas indústrias, gerou uma centralização cada vez mais forte nas mãos de grandes capitalistas, ocasionando organizações políticas e sindicais que se tornariam referência para a Revolução Russa de 1917. De base marxista, pregando a tomada do poder pelo proletariado e abolindo a produção capitalista, formando uma sociedade sem classes e coletivizada, acarretará a divisão de dois blocos pós segunda guerra mundial (capitalismo e comunismo). Mas antes disso, a própria base capitalista revelará a ascensão do dueto facismo-nazismo de extrema-direita como principal meta combater o comunismo. O mais importante destes momentos históricos é a relevância do papel humano nas questões políticas e econômicas gerando conflitos, divisão e destruição sem precedentes na história. A Revolução Russa de 1917 ainda é um importante estudo para o entendimento do processo para entrada do homem moderno no século XX.


(*) Duma: Assembléia Legislativa criada pelo Czar Nicolau II com poderes limitados em 1906.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mais inclusão social!!

Ainda há muito que reparar a falta da presença do Governo brasileiro que durante décadas deixou uma grande parcela na contra-mão do desenvolvimento.
Avanços foram obtidos nos últimos 20 anos. Mas quando se menciona inclusão social, de forma geral, é a inclusão em todos os seus segmentos como: saúde, maior distribuição de renda, geração de mais empregos, saneamento básico, moradias decentes, alimentação digna e uns dos principais, educação. A educação eficiente e de qualidade para todos, gera futuramente, sem sombra de dúvidas, uma população mais engajada e qualificada para o país. Obviamente, uma população mais incluída educacionalmente, acarreta uma maior redução das desigualdades sociais em qualquer nação.
As políticas educacionais de transferência de maior parcela dos seus PIB's de países como Japão, Coréia do Sul, Suiça, Suécia, entre outros, desenvolveram a longo prazo nações com forte potencial de mão-de-obra humana qualificada, gerando divisas para essas nações.
Qual será a política real de inclusão que os governos seguidos do Brasil querem? Cabe-nos discubrir qual o verdadeiro. E lutar por mais inclusão.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Os britânicos no Rio de Janeiro

O translado da Família Real Portuguesa para o Brasil e posteriormente passando o Rio de Janeiro como capital do Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves, decorrente a invasão de tropas de Napoleão em território português, transformou a vida social, cultural e econômica na cidade do Rio de Janeiro. Mediante um operação bem sucedida e salvaguardada pela frota britânica, Napoleão mais tarde diria sobre D. João VI: _ Foi o único que me enganou!
Através da abertura dos portos do Brasil as nações amigas e do contrato oficializado entre Portugal e a Inglaterra de 1810, a Inglaterra tornaria a principal benefiaciada pela redução da tarifa alfandegária e enxurrada de produtos do Reino Unido nos portos brasileiros. O monopólio português e o pacto colonial perdia seus dias de glória e lucros vultosos para a coroa portuguesa.
Mas mesmo sendo os acordos firmados de 1810 com cláusulas totalmente assegurano o poder britânico, transferindo apenas o monopólio para a Inglaterra, não deixou de ser vantajoso para O Brasil e em especial para a cidade do Rio de Janeiro. Muitos súditos britânicos aportaram na cidade investindo em comércio e financiando mudanças que a cidade nunca tinha visto.
Materiais metalúrgicos, vidraçaria, tecidos diversos (finos e grossos), mobiliários, instrumentos musicais, estilos de residências com gramados, roupas elegantes (masculinos e femininos), chocolate, chá, brinquedos, sapatos finos, remédios, talheres, estilo de educação, o mordomo, entre outros. A própria presença da monarquia dos Braganças na corte do Rio de Janeiro, modificaria toda a estrutura da cidade para receber nobres, políticos, cientistas e muitos europeus. Com a presença constante de ingleses a partir de 1808, motivou e influenciou a cidade. Novidades estavam chegando aos portos brasileiros para uma população carente de novidades.
Casas estilosas de comerciantes ingleses enfeitavam a enseada de Botafogo. Para os britânicos, certamente o translado para Brasil e tendo Portugal como seu tradicional aliado contra o bloqueio continental imposto por Napoleão Bonaparte, salvou a Inglaterra que se tornou senhora do Atlântico e motivou o avanço contra as tropas francesas a partir de Portugal.
O monopólio inglês no Brasil tanto comercial e financeiro, abriu uma nova visão do mundo exterior para o que era uma mera colônia portuguesa na América. De alguma forma, o Brasil foi beneficiário de um novo estilo e costumes em consequência dos tratados e da abertura dos portos.

domingo, 19 de julho de 2009

Cavalo e cão na consquista da América

A conquista dos espanhóis na América, parte que cabia pelo Tratado de Tordesilhas, foi implementada com objetivos principais para obtenção de metais preciosos. Muitos meios foram utilizados pelos mesmos na conquista. Como poucos homens conseguiram sucesso diante de civilizações organizadas e numerosas como as dos Incas, Astecas e Maias? Por meio da cruz e da espada, além de outros meios que aterrorizaram as populações autóctones.
A força do metal e fogo sobre as flechas dos índios foi o que mais contribuiu para a conquista de largas regiões da América. Com espada, canhão, arma de fogo, armaduras, conseguiu conter e aprisionar grandes contingentes indígenas.
Outros meios foram utilizados pelos espanhóis na América como o cavalo e o cão. O impacto que o cavalo proporcionou aos povos indígenas da América foi significante para a conquista. Avisão que o índio tinha do conjunto de homem e cavalo era como se estivesse observando um corpo só. O índio mais aguerrido ao atingir e conseguir derrubar o cavalo, ficava estupefatoao ver que o cavaleiro se "desgrudava" do corpo do animal e ainda vivo, ou seja, para o índio era a formação de um corpo só e que mesmo matando o cavalo ainda continuava vivo e dividia-se em dois corpos. Este foi o primeiro impacto com o cavalo até entender o sentido do cavalo e cavaleiro, mas a altura elevada do conjunto de cavalo e cavaleiro acima de suas casas, conseguiu impor o terror sobre os povos indígenas.
O cão foi outro animal bem utilizado pelos espanhóis e pouco pesquisado pelos historiadores. Cães treinados na caça e perseguição eram armas poderosas para impor medo e fraqueza diante de aterrorizadas tribos indígenas. Enquanto os conquistadores espanhóis com suas couraças, armas de fogo e elmo recebiam chuvas de flechas, cães atacavam os guerreiros indígenas impondo-lhes terror e debandada, que provavelmente tornavam presas fáceis para os conquistadores espanhóis.
Tanto o cavalo e quanto o cão se tornaram animais na cultura indígena posteriormente. Adaptados como animais domésticos pelos índios, cão e cavalo fazem parte de suas vidas hoje em dia. O cavalo largamente utilizado pelo índio como boiadeiro e o cão sempre visto nas aldeias indígenas como companhia e guardião. Não sabem eles que esses dois animais foram o terror do seus antepassados, mas se os povos indígenas de hoje sabem disso, os tornam conscientes e sabedores que é o homem o grande incentivador do terror que foi imposto as grandes civilizãções do continente americano.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Aventureiros e empreendedores


A conquista do espaço e da lua foi realmente um marco histórico do nosso tempo e sem dúvida um empreendimento acelerador de novas tecnologias. Mas e o que foi a expansão marítima para o olhar do homem do século XV? Certamente a mesma coisa. E para a História um acontecimento da maior grandez já vista naquele momento.
Portugal de costas para a Europa e de frente para o Oceano Atlântico e como Estado Monárquico centralizado, diante de uma Europa fragmentada de reinos e principados fragilizados, toma a dianteira para o grande empreendimento que transformaria a Europa feudalizante. Com apoio financeiro de Flandres, a expansão ultramarina portuguesa coloca em xeque a teoria vigente na época do "mar tenebroso", com monstros marinhos e com abismo sem fim. Astrolábios, mapas, bússulas, novas constelações descobertas, avanços nos conceitos geográficos, entre outras concepções que inovariam a aventura expansionista além mar. Imaginar um punhado de europeus, na transição de sua era medieval para a moderna, desbravar o desconhecido com elmo, mosquetão, espada e canhão, é o mesmo que igualar a chegada do homem à lua. Mas para o homem chegar ao espaço foi necessário um grande empreendimento de homens aventureiros para o mar. Será que podemos dizer que foi um ponta pé para a globalização?
O que devemos pensar é que o mercado globalizado hoje em dia deve-se muito a grande expansão marítima de outrora.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Alhos e Cebolas!

A fase das grandes navegações que Portugal e Espanha foram os primeiros Estados Monárquicos aconsolidar o mercantilismo além mar. Os grandes navegadores portugueses que se aventuraram pelo Atlântico contavam com diversos marujos e aprendizes analfabetos que nem sabiam distinguir lado direito e esquerdo no manuseio do timão das Caravelas. Os capitães dos navios usavam como artifício para que seus marinheiros soubessem os lados que deveriam direcionar um punhado de alhos de um lado e cebolas do outro no timão. O capitão gritava quando queria mencionar que virasse o lado esquerdo por exemplo: _ Vire pra alhos!!
Assim chegaram esses heróicos navegadores a diversas partes do mundo.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Hino da França: Que hino bonito! Que letra horrível!

-Que todos acham o hino francês bonito é notório, mas a letra...
1 Avante, filhos da Pátria, O dia da Glória chegou. O estandarte ensangüentado da tirania Contra nós se levanta. Ouvis nos campos rugirem Esses ferozes soldados? Vêm eles até nós Degolar nossos filhos, nossas mulheres. Às armas cidadãos! Formai vossos batalhões! Marchemos, marchemos! Nossa terra do sangue impuro se saciará!
2 O que deseja essa horda de escravos de traidores, de reis conjurados? Para quem (são) esses ignóbeis entraves Esses grilhões há muito tempo preparados? (bis) Franceses! Para vocês, ah! Que ultraje! Que élan deve ele suscitar! Somos nós que se ousa criticar Sobre voltar à antiga escravidão!
3 Que! Essas multidões estrangeiras Fariam a lei em nossos lares! Que! As falanges mercenárias Arrasariam nossos fiéis guerreiros (bis) Grande Deus! Por mãos acorrentadas Nossas frontes sob o jugo se curvariam E déspotas vis tornar-se-iam Mestres de nossos destinos!
4 Estremeçam, tiranos! E vocês pérfidos, Injúria de todos os partidos, Tremei! Seus projetos parricidas Vão enfim receber seu preço! (bis) Somos todos soldados para combatê-los, Se nossos jovens heróis caem, A França outros produz Contra vocês, totalmente prontos para combatê-los!
5 Franceses, em guerreiros magnânimos, Levem/ carreguem ou suspendam seus tiros! Poupem essas tristes vítimas, que contra vocês se armam a contragosto. (bis) Mas esses déspotas sanguinários Mas esses cúmplices de Bouillé, Todos esses tigres que, sem piedade, Rasgam o seio de suas mães!...
6 Entraremos na batalha Quando nossos antecessores não mais lá estarão. Lá encontraremos suas marcas E o traço de suas virtudes. (bis) Bem menos ciumentos de suas sepulturas Teremos o sublime orgulho De vingá-los ou de segui-los.
7 Amor Sagrado pela Pátria Conduza, sustente nossos braços vingativos. Liberdade, querida liberdade Combata com teus defensores! Sob nossas bandeiras, que a vitória Chegue logo às tuas vozes viris! Que teus inimigos agonizantes Vejam teu triunfo e nossa glória.
-Agora muitos dirão: que letra sanguinária e cheia de vingança. La Marseillaise, composto por Claude de Lisle em 1792, adotado como hino revolucionário, tem uma conotação aguerrida e de conclamação para a luta contra os estrangeiros, ou seja, aos austríacos. Só foi confirmado como hino nacional francês com a instauração da III República em 1879. Para não levar susto com a letra, o ideal seria entender o contexto histórico da Revolução Francesa e posterior consequência que influenciaria na questão da da derrocada do absolutismo na Europa.
-Aux armes citoyens!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O Rio de Janeiro que queríamos



O Rio de Janeiro que deixou saudades. Todos ouvimos das pessoas que nasceram mais de 50 anos atrás que a cidade do Rio de Janeiro era maravilhoso, taí o título de Cidade Maravilhosa merecido. Uma cidade com ruas limpas, pessoas educadas, trânsito organizado e tranquilo, sem pivetes e traficantes nos morros. Uma cidade que deixou saudades para muita gente nostálgica, tão diferente do que vivenciamos hoje em dia. Mas de qualquer forma, parabéns por ter sido tão maravilhosa!

Obs.: Imagens do acervo do Arquivo Nacional.





domingo, 5 de julho de 2009

O Tenentismo - 5 de julho de 1924


O movimento tenentista iniciado no dia 5 de julho de 1922 com a revolta do Forte de Copacabana (18 do forte), foi conduzido sem uma ideologia política definida com o propósito de por fim a oligarquia dominante no Brasil. De origem urbana e reivindicação o voto secreto, ensino público obrigatório e o fim do voto de "cabresto" que dominaram as eleições da República Velha. E o movimento armado de 5 de julho de 1924 em São Paulo por jovens oficiais comandados pelo general Isidoro Dias lopes tomariam dimensões mais amplas com o mesmo grupo de revoltosos cortando o país do sul ao norte recebendo apoio e adesão de outros revoltosos como Luís Carlos Prestes do Rio Grande do Sul e de Siqueira Campos. Mais conhecida como Coluna Prestes, este grupo de revoltosos contra a política do "café com leite" que implicava enorme atraso social e econômico com a dependência do café como principal impulsionador da economia brasileira. O movimento tem seu fim com o asilo de boa parte do grupo remanescente de maltrapilhos e desfigurados da outrora invencível coluna na Bolívia. Com articulações de partidos como o PCB para o retorno do grupo ao país para tomado do poder do presidente Washington Luís, desta vez com uma política ideológica mais definida, o movimento enfraquece com a tomada do poder do país por Getúlio Vargas em 1930.

sábado, 4 de julho de 2009

O dia 4 de julho para os EUA


Com forte influência do liberalismo e do iluminismo, a guerra de independência ou revolução americana com apoio de tropas da França e da Espanha contra a Inglaterra, pois fim ao domínio britânico na região. A data 4 de julho de 1776 é comemorada nos EUA como data principal no seu calendário nacional. Mais do que enfrentar o poderio inglês foi sem dúvida a ascensão da nação dos Estados Unidos da América do Norte como plataforma de uma nação hegemônica no futuro. A formação da República Federativa dos EUA influenciaria posteriormente na Revolução francesa de 1789. A Constituição de 1787 da nova nação dá novos ares de uma ideologia que estava para ser deflagrada em todo o continente americano. Com garantias a propriedade privada, liberdade comercial e os direitos dos cidadãos, a Constituição iluminista dos EUA esqueceu de tratar de um assunto delicado que era a escravidão. Manteve-se a estrutura escravista do sul com a forte burguesia capitalista do norte, o que acarretaria um conflito de enormes proporções na Guerra de Secessão (1861-1865). Certamente a o dia 4 de julho tornou-se um grande acontecimento histórico que influenciou mundialmente a formação geo-política de interesses.

A Escravidão no Brasil

Um meio de acumulação de capital pré-capitalista implantado no Brasil pelos portugueses. De base mercantilista voltado para a produção da "plantation", a mão-de-obra escrava africana conduziu de forma eficaz a economia colonial e da metrópole. Deixou profundas marcas na sociedade brasileira tanto de cunho cultural, social e econômica. Com a abolição da escravidão tardia, os seus reflexos fazem sentir em nossos dias.

Obras para o bom entendimento do assunto:
"Casa Grande e Senzala" de Gilberto Freyre
"Da senzala à colônia" de Emília Viotti da Costa

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Palavras de Joaquim Nabuco

"Por hora pintamos a traços largos o painel da escravidão. Queremos que ele esteja diante de todos palpitante, vivo. Vamos meter a mão na grande ferida de nossa pátria: vamos detalhá-la em suas origens, em seu diagnóstico, depois veremos como ela há de ser curada. É uma instituição que aderiu a nosso país desde que ele acordou para a vida: foi quase contemporânea do seu descobrimento; foi regada nas raízes por gerações inteiras: o egoísmo, o interesse, a ambição, o cinismo de três séculos atentaram-na, fecundaram-na; em cada torrão de nosso solo caiu uma semente sua, cada fonte de nossa produção saiu de seu grande manancial, o rendimento nacional como o rendimento público são sua seiva. Ela, com uma força de absorção desmensurada, invadiu a civilizada de nosso país; e pôs-se-lhe em frente como obstáculo: as artes pereceram ao seu influxo, as letras, as ciências, nobres profissões de homens livres, só acharam perante si senhores e escravos (...)"

Joaquim Nabuco

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Vale a pena ver



Da obra de Machado de Assis, este filme conduz através de uma viagem no tempo explorando fontes de arquivos dos séculos XVIII e XIX em consonância com o nosso tempo. Bom para refletir em quais meios a sociedade do Brasil foi criada.

Filme: "Quanto vale ou é por quilo?"

sábado, 27 de junho de 2009

A beira de 1 bilhão!




O anúncio da agência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) que a barreira de 1 bilhão de pessoas, em consequência da crise financeira internacional, passaram fome no mundo. Segundo a FAO, a maioria das pessoas subnutridas vive em países em desenvolvimento, conforme abaixo.
Prognósticos para este ano:
-53 milhões na América Latina e Caribe;
-642 milhões na Ásia-Pacífico;
-265 milhões na África Subsaariana;
-42 milhões no Oriente Médio e África do Norte;
-15 milhões nos países em desenvolvimento.
Esta projeção assustadora da agência da Organizações das Nações Unidas, evidencia a falta de política firme e substancial para a redução da chamada "insegurança alimentar". Enquanto não houver maior distribuição de renda, política familiar nos países em desenvolvimento, maiores investimentos para gerar empregos e melhorias nas lavouras com implementos técnicos agrícolas nas terras incultas dos países em desenvolvimento para produção de alimentos, mais pessoas somarão a estas estatísticas alarmantes. Que tal inverterem a produção de armamentos para a produção de alimentos? Distribuir a quem precisa? E certamente haveria um excedente fabuloso para comercializar e lucrar!


Para acompanhar: vejo o noticiário no Jornal do Brasil de 20/06/2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Agora uma poesia de Pablo Neruda

Não te quero senão porque te quero


e de querer-te a não querer-te chego


e de esperar-te quando não te espero


passa meu coração do frio ao fogo.



Te quero só porque a ti te quero,


te odeio sem fim, e odiando-te rogo,


e a medida de meu amor viageiro


é não ver-te e amar-te como um cego.



Talvez consumirá a luz de janeiro


seu raio cruel, meu coração inteiro,


roubando-me a chave do sossego.



Nesta história só eu morro


e morrerei de amor porque te quero,


porque te quero, amor a sangue e fogo.


CLUBE DA ESQUINA

O Clube da Esquina foi um movimento musical nos anos 60 em Minas Gerais formadores de gerações de jovens admiradores até hoje no Brasil. Entre suas formações temos Minton Nascimento, Márcio Borges, Lô Borges, Flávio Venturini, Fernando Brant, Wagner Tiso, Beto Guedes, tavinho, Toninho Horta e Vermelho. Com letras de poéticas e simples, o grupo conseguiu seguir uma harmonia sem a imagem de líder de grupo, mas sim o sentido de levar a boa música para o povo.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Artigo do Jornal "O Globo"






Interessantíssimo conteúdo histórico do artigo "HISTÓRIA" do Jornal O Globo no dia 13 de junho de 2009, revelando um rico acervo em São Luís do Maranhão nas prateleiras do arquivo do Tribunal de Justiça deste estado.

O acervo guardado por longos anos e descobertos pelos técnicos do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), guarda processos de alforria, inventários, testamentos, disputa de propriedades e ações criminais envolvendo escravos.

Processos como o da escrava Liberata que recorreu a justiça para aquisição de sua alforria, constata o que o historiador Flávio Gomes e o embaixador e historiador Alberto da Costa e Silva mencionam o caminho de escravos conscientes e participativos nas questões que garantiam seus direitos.

Pondo por água a baixo a tese da elite senhorial da época que os escravos não passavam de seres inferiores. Mas os documentos revelam ao contrário, escravos buscando seus direitos , inclusive com ajuda de abolicionistas, mediante processos contra seus senhores.

Ainda há muito que pesquisar e revelar através dos documentos (fontes) a nossa formação social e capitalista ou pré-capitalista no Brasil.





terça-feira, 16 de junho de 2009

AS VIVANDEIRAS



O universo feminino sempre foi tratado de forma polêmica pelos pesquisadores. O movimento feminista na década de 60 do século XX contribuiu para o enfoque da História da Mulheres. A partir daí, a construção da oposição masculino versus feminino levaria o uso do termo "gênero" para a teoria da diferença sexual. 
Teorias a parte, este universo feminino esteve muito bem representado pelas Vivandeiras, principalmente no século XIX no Brasil. Essas mulheres estiveram representando sua força até na Coluna Prestes. Muito comum na região sul do país, ajudaram a formar as fronteiras do Brasil. Mas o assunto será delimitado no rastro das tropas do Império do Brasil na Guerra do Paraguai.
As Vivandeiras eram comerciantes, amantes profissionais, enfermeiras, domésticas dos soldados e muitas vezes pegaram em armas para defenderam seus interesses, ou seja, filhos e seus amantes. Elas brigaram pelo seu espaço e pela sua sobrevivência e formaram com muita relevância a formação estrutural da família em certas regiões do Brasil. 
Eram também vistas como comerciantes de víveres e despojos de finail de batalha que muitas aproveitavam para recolher. Do ponto de vista para a sociedade do século XIX, as mulheres eram más, inferiores, com apenas importância para os afazeres domésticos e criação dos filhos. Mas para as Vivandeiras essa desvalorização não interferiu como um todo no seu universo feminino. Independentes, corajosas, determinadas em seus objetivos, contribuiram para aquele momento insano da guerra. Viconde de Taunay relata em seu diário na Retirada da Laguna: "(...) o saque desenfreado a que se entregavam os mascates e os acompanhadores do exército também, reclamando  as mulheres o seu quinhão."
Na Guerra do Paraguai, elas tiveram papel fundamental para o conforto dos soldados. Mesmo passando por dramas diversos que causam a guerra, continuaram seguindo as tropas para as seguidas batalhas. 
"Eram prostitutas buscando obter lucros da situação, eram esposas e amantes que seguiam seus companheiros, eram mães que buscavam dar apoio a seus filhos. Elas cuidavam das roupas e da comida de seus companheiros; muitas vezes atendia-nos quando doentes; acudiam os feridos em combate; expunham-se ao fogo e, algumas vezes pegavam em armas. Muitas levavam seus filhos pequenos." (Ricardo Salles, 1990, p.125)
Em uma guerra desprovida de piedade e nem dó, as mulheres que seguiam as tropas, enfeitaram com sua coragem e "justificaram" as carências de sentimentos dos soldados. 
"A vida de vivandeira de carreira era curta e triste: das saias da mãe, ainda menina aos braços de um oficial. Não havia preconceito de idade: minenas de treze anos se entregavam a oficiais sexagenários, lipavam galões e bronzes do oficialato(...)" (Perridji, 2003. p.42)
Como guerreiras, amantes, comerciantes, mas acima de tudo, como mulheres, as Vivandeiras deixaram uma lacuna para ser pesquisado com mais profundidade na História das Mulheres. 
  
Bibliografia:
Conde D'Eu em "Viagem Militar ao Rio Grande do Sul"
Joseph e Maurício Pernidji em "Homens e Mulheres na Guerra do Paraguai"
Ricardo Salles em "Guerra do Paraguai: escravidão e cidadania na formação do exército"
Alfredo D'Escragnolle Taunay em "A retirada da Laguna"