domingo, 27 de dezembro de 2009

História e Arte: A Dezembrada

História e Arte: A Dezembrada

A Dezembrada


A série de batalhas ocorridas no mês de dezembro de 1868 durante a Guerra do Paraguai, mais comumente conhecida como "dezembrada", foi crucial para a derrocada de Solano Lopez e a ocupação de Assunção, capital do Paraguai. Mesmo assim, a a dor da guerra continuaria até o fim definitivo em 1 de março de 1870 no combate de Cerro Corá com a morte do "El Supremo" (1).

Caxias sabia que era necessário um golpe fatal para por fim o mais rápido possível de uma guerra inglória, lenta e cruel que já se arrastava por 4 anos. O mês de dezembro foi posto a prova o poderio militar das forças imperiais sobre o combalido exército paraguaio. Batalhas como: Lomas Valentinas, Itororó, Angostura, Avaí, acabaram com o que porderia ser o último suspiro paraguaio e pôs em fuga o ditador Solano Lopez para as cordilheiras. A batalha do arroio Avaí foi a mais aguerrida delas.

Tarefa não fácil mediante o ímpeto guerreiro paraguaio diante das forças imperiais, sendo a rendição para o esfarrapado soldado paraguaio a última opção. Com a guerra a população do Paraguai foi reduzida a cerca de 200 mil habitantes com maioria de mulheres e crianças. Um mês importante e trágico para finalizar a guerra.

A manobra teve êxito, mas não terminou de imediato com as ambições do ditador Solano Lopez. Caxias se retiraria logo depois cansado e criticado, mas com o dever cumprido em tomar a capital paraguaia e de não participar da matança final. Coube a tarefa final ao genro do imperador D.Pedro II, conde D'Eu.


(1) Título que o ditador Francisco Solano Lopez era conhecido no Paraguai.
Imagem acima: Batalha do Avaí pintada por Pedro Américo e exposta no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Os santos do catolicismo


Como entender a prática do culto aos santos da Igreja Católica e o que são esses cultos?

Primeiramente temos que analisar os cultos dos deuses greco-romanos. A religião antiga, como muito bem definida pelo historiador do século XIX Fustel de Coulanges, era vista como parte da vida social, econômica e política das cidades antigas. Cada cidade-estado tinha sua religião, seu fogo sagrado, seus cultos, seus deuses; não havia uma concepção de pátria ou nação, mas sim a terra dos pais (terra patria). As urbes seguiam seu deus como: Apollo, Atlas, Netuno, Hércules, dentro outros. Cada família tinha seu fogo sagrado que carregavam através da família paterna desde gerações. Cultos tratados seriamente durante gerações e que ditavam as regras e leis da família paterna (sempre representado pelo pai). As cidades quando em guerra, levavam seus deuses com os soldados como se fossem uma coisa única para combater outros inimigos e o deus inimigo.

Como retirar esta prática de muitos anos já enraizada nos povos antigos? De que forma a Igreja Cristã, aceita pelo imperador de Roma Constantino no século IV, fosse bem vista aos novos e futuros cristãos? Naturalmente não foi tarefa fácil e tão pouco rápida para os moldes da época. Mudar conceitos e tradições de povos seculares para uma doutrina nova e progressista, precisou de argumentos fortes e dissimilados, assim como todas as religiões usam para busca de novos adeptos.

O culto aos santos da Igreja Católica com o culto aos deuses antigos não é mera semelhança, mas prática milenar enraizada que perduram desde os povos antigos. A adoração de imagens, deuses ou a um único deus, remonta desde dos antigos Sumérios e Babilônios, na meso-américa (Incas, Astecas e Maias), África e na Ásia. A prática da adoração de deuses ou deus-único foi evoluindo conforme a mudança na formação política e alianças entre poder e igreja. No caso da Igreja Cristã, a união do rei franco Pepino, o Breve, ungido pelo Papa e posteriormente a mesma prática feita por Carlos Magno, filho de Pepino, tornando-se imperador de Roma e representante maior da Igreja Cristã do Ocidente, foi a maior prova dessas alianças superiores.

Santos e divindades que adoramos ou odiamos, são produtos naturais que o homem busca para praticar seus preceitos com o novo mundo. Aceitar novas doutrinas não requer necessariamente afundar toda a tradição que antes praticava no abismo, mas sim conciliar o antigo com o novo, maior prova disso foi a união de orixás africanos dos escravos no Brasil com os santos da Igreja Católica.

Há algo de pagão em todas as religiões!
Imagem: Visão da cruz por Constantino diante de seus soldados para conquista de uma batalha.